Esta semana foi particularmente difícil. Enchentes,
tornados nesse Brasil, matando e desabrigando famílias. Não bastasse isso, a
crueldade da seca que se abate sobre extensas áreas do nordeste. E a Presidenta
com os pepinos políticos internacionais provocados pelo governo do todo
poderoso EUA mais os donos do capital internacional.
E no Brasil ainda tem
pobre, ainda tem mendigo. Passei por baixo de um viaduto e vi uma caixa de
papelão forrada com um tipo de plástico. Pois era uma residência, acreditem.
Houve e há quem não suporte ver tanta crueza nesta terra "onde plantando
tudo dá", mas eles não tem forças para impor a vontade política de mudar
tudo, de despovoar um pouco essa megalópolis que é São Paulo, então, as formas
de assentamento humano ficam desiguais, falta um grande plano de distribuição
demográfica para que os recursos cheguem a todos.
As obras faraônicas que exauriram nossos recursos
vem do tempo da construção de Brasília. Alongaram-se no período da ditadura
militar com a Ponte Rio-Niteroi, os descabidos furtos de dinheiro nacional
pelas empreiteiras, essas mesmas que financiaram o aparelho repressor do
estado, como o DOI CODI e o DEOPS, em São Paulo, no Rio, pelo Nordeste e até
pelo Cone-Sul onde eram feitas descaradas investidas da polícia brasileira a
fim de caçar subversivos. Esse dinheiro financiou cada cabo elétrico que foi
usado para nos dar choques, enfim, cada aparato que melhorasse a tortura a fim
de obter confissões, muitas vezes falsas, mas com o intento de se livrar dessa
santa inquisição às avessas.
Ontem morreu uma companheira. Ela foi delatada para
a polícia por um colega(?) de escola e penou de maneira absurda. Foi colega da
nossa Presidenta na Torre das Donzelas, que era a ala do presídio Tiradentes,
em São Paulo, antigo mercado de escravos e,nos anos de chumbo, guardião dos
presos políticos e dos presos comuns destinados a serem mortos e desovados na
periferia pela própria polícia civil do Esquadrão da Morte. DIVA BURNIER depois
formou-se em Economia e teve uma boa produção científica.Mas, como eu, era uma
sequelada. Na última vez que nos vimos, ela apresentava um tremor de mãos
bastante forte. Ela tinha seus motivos para estar nervosa até porque seu
delator estava ali, conosco, na mesma recepção de aniversário de formatura. De
lá para cá, sofreu quedas. Ontem foi a
última delas: caiu de para-quedas nos braços de algum anjo que passava no céu.
Menina dos olhos grandes, será que lá nas nuvens há um bercinho de metal com um
bonequinho dentro para a gente brincar no dia em que nos encontrarmos? Ou vamos
levar para o Além as mágoas não resolvidas de querer um mundo melhor e mais
justo? Paro por aqui. Minhas lágrimas impedem-me de continuar.
2 comentários:
maravilhoso, infelizmente, ainda temos muita desigualdade social, a pirâmide continua como na historia antiga, o ápice de poucos e a base da grande massa. Ainda vemos muitos delatores sem escrúpulos que para atingirem suas metas profissionais e financeiras não pensam duas vezes, antes de passarem um rolo compressor no colega. Teresa
olá Ivone! Estou fazendo um trabalho de escola que se chama museu vivo, esse ano o tema é ditadura militar. Vou vivenciar a Diva Burnier, queria saber informações da época da tortura. Me ajude por favor!
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