quinta-feira, 17 de julho de 2008

TELEVISÃO - SÓ "HOUSE" e alguma notícia

Meus amigos:

Creio que ultimamente temos bem pouco a nos agradar na vida política, social e econômica do país e do mundo. Abro os jornais diariamente e caio de costas com as notícias mais disparatadas. Leio o que interessa, vejo as tabelas climáticas, acompanho pela rama as intrigas na administração superior do país, me irrito com a parte internacional, confiro o necrológio e sigo para a parte cultural do periódico. Não deixo de ler as HQ e resenhas de filmes, livros e músicas. Paro por aí, já é suficiente. Na parte da tarde a vida corre no escritório. Tem sempre um monte de leituras a fazer, cartas a responder, internet a consultar.
As 17:00 horas paro com tudo. Intermezzo para namorar, afagar o gato, tomar banho, depois, jantar. Se ficamos em casa, temos que fazer alguma coisa. Muita gente vê televisão, acompanha notícias e novelas, depois algum filme terrivelmente dublado. Não aguento isso. Se algo especial acontece, vejo notícia. Se nada de novo se coloca, a casa permanece em doce silêncio até a hora do "House". E que ninguém telefone. House inunda minha vida de maneira deliciosa. Heroi políticamente incorreto, mal-humorado, mulherengo, viciado em analgésicos, ele tem o dom de perseguir as mais incríveis patologias com uns insights fabulosos. Bem que todos iam querer um médico assim. Os roteiros são magistrais e os artistas da série soberbos. Quando acaba House, desligo a tv e abro um suculento livro. Bom demais, não é?
Ivone

ASSÉDIO

AS VÍTIMAS DO ASSÉDIO
Este tema tem sido abordado de formas variadas, principalmente a forma sexual, uma vez que o sexo faz parte da intimidade mais restrita das pessoas e é por esse viés que elas se sentem mais atingidas. De um tempo para cá, ganhou vulto a imagem do assédio profissional, muito comum também nas empresas e repartições onde o jogo de poder fica bastante explícito. Em ambos os casos, a figura do aproveitador é evidente; assim, vencido o medo do assediado, é possível tomar medidas práticas e mesmo jurídicas contra os que se usam de métodos excusos para agarrar sua presa ou obter dela comportamentos que lhe ferem as vontades. Mas há um instrumento bem banal, que se tornou um inferno na vida do cidadão comum. É o telefone.
O telefone encurta distâncias, economiza tempo, mas também franqueia nossas casas a invasores sem rosto, escondidos atrás de algum telemarketing. Resolvi contar o número de telefonemas que recebemos em casa para oferta de “produtos bancários” e de financiadoras. O número destas ligações superou três vezes as ligações recebidas de parentes e amigos. Quantas vezes precisei sair do banho, interromper uma refeição, um filme, uma leitura ou um trabalho de redação para atender àquela voz de aluguel que me propõe um negócio da China? Em casa, somos três pessoas que tem vida cadastrada e controlada como adultos normais. Não bastasse o lixo de papel que nos chega pelo correio através da venda odiosa de mala postal, ainda temos que conviver com o assédio de bancos, dos quais nem somos correntistas, que nos oferecem seus cartões, seu crédito, suas grandes vantagens, como se fossem nossos guardiões. Pior, o funcionário do telemarketing, quer nos repassar para um “consultor especializado”, e acaba levando uma saraivada de xingos que se agravam na medida em que o nosso saco vai ficando cheio. E eles persistem. Parecem carrapatos. Grudam no número do nosso telefone como se dele se alimentassem. E é assim mesmo que acontece. Os coitados ganham pouco e tem que suportar nossas explosões. Baixos salários para apanhar muito.
Tudo em nome de um patrão ganancioso e cruel.

terça-feira, 1 de julho de 2008

DE OLHOS ABERTOS

DE OLHOS ABERTOS

Se eu passar por uma rua onde tem um botequim,
E lá dentro uma louquinha bebe,
Se ela sair num repente alucinado e
Quase se jogar sob um carro de passante.
Se eu esquecer que ela existe e não tem roupas,
Nem calçados, nem ninguém;
Se os meus olhos desviarem e seguir em frente
Pensando apenas no presente do meu filho,
Tenha certeza, amigo, merecerei o escárnio dos anjos
E o desprezo dos céus.
Não pode ser festa a quem não sabe
Da dor alheia, da fome dos irmãos.
Não terá tempo novo quem não vive
O tempo velho com os olhos bem abertos.

Minha cidade há de acender as luzes
E catar em cada esquina um menor abandonado.
As mãos sensíveis levarão os curativos
Às feridas supuradas dos carentes.
Flores nas praças são colírios para os olhos,
Mas há de ter lugar aos namorados
Que o medo se esvaneça sob a lua,
Que sonhar volte a ser bom exercício.
Abram-se as janelas, cumprimentem-se os vizinhos,
Troquem os docinhos, falem do futuro.
Quero dançar na praça uma valsinha
Ao som da banda, ao lado do coreto. Dormir em paz,
É o sonho que acalento
A ti, a mim e a quantos estejam
de olhos bem abertos.