terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

AOS QUE VÃO NASCER



..".que tempos são esses, em que falar de árvores é quase um crime pois implica silenciar sobre tantas barbaridades?" (Brecht:Poemas de Svendborg).

 Sábado amanheci com fortes dores no corpo, na cabeça, garganta. Em casa mesmo, fiz uma medicação sintomática com a velha novalgina e esperei para ver. Ao anoitecer, tive febre e os sintomas pioravam. Tomei outra vez medicação. De madrugada piorei. Havia um Posto de Saúde na Vila Suiça que atendia noite e dia. Tomei desta vez 1 grama de Novalgina e parti para o socorro do tal Posto.

Simplesinho,era uma instalação impecavelmente limpa. Fizemos minha ficha de atendimento, havia pouquíssimas pessoas aguardando atendimento. Estávamos por volta das sete ou sete e meia da manhã, e então fomos chamados, a impecável enfermagem tratou de medir minha temperatura que já havia voltado aos toleráveis 37,6º. Também mediram minha pressão arterial e fizeram o teste de glicemia. Muito cordiais, mostraram os resultados dos exames e depois pediram que eu aguardasse o médico perto de uma sala  quase em frente.

 Também não demorou muito. Lá veio um garoto, teria a metade de minha idade, não havia um crachá perceptível. Então, o menino perguntou qual era a minha queixa. Contei das dores no corpo, das febres, das novalginas que vinha tomando, das dores de cabeça, de garganta... então, o rapazito bateu um papel no computador cuja pressa não me deixou ler. Mandou-me à sala ao lado com prescrição de uma Novalgina intra muscular e um Voltarem também no músculo. Perguntei a ele se não era excessivo tomar mais Novalgina se eu tomara 1g há duas horas, e ainda, se não haveria Voltarem oral para tomar. Lacônico, o pretenso doutor pegou a prescrição e riscou com uma caneta a indicação de Novalgina, e depois garantiu-me que não existia Voltarem oral ;sem mais palavras mandou-me para a enfermaria a fim de receber minha carga muscular de diclofenaco.

 Vai aqui, doutorzinho de quem sequer sei o nome : Onde estavam seus abaixadores de língua descartáveis? E o estetoscópio tão necessário uma vez que referi ter tido duas pneumonias no ano anterior? E o otoscópio mais o speculum nasal para um exame bem feito? Afinal, não havia fila de gente esperando ser atendida. E por  que o Raio X não funciona nos fins de semana? Ora, ora, isso é medicina que se preze?


Dia seguinte fui a um médico particular que detectou uma violenta sinusite, carente de antibiótico feroz. Que pena, doutor anônimo. Sujou sua memória e pôs em causa o serviço do CEJAM. Agora estou melhor. É preciso que uma doutora lhe desqualifique o atendimento porco do amanhecer de um domingo? Quando rasguei meu plano de saúde, guardei minha fúria para defender o povo. E assim será.