QUERO SABER TUDO
É um direito que tenho. Por eles, vou sair de casa e votar numa urna eletrônica; a partir daí, para o bem ou para o mal, eles me representarão. Exatamente por falarem em meu nome, quero saber tudo sobre os candidatos. Em primeiro lugar, a idade, a profissão, a capacidade de escutar o que os outros tem para dizer. Depois, como é sua família, se seus filhos são estimulados a estudar, se lêem, se são alegres e bem resolvidos, se a esposa não é apenas um enfeite ou uma vaquinha de presépio. Afinal, é deste nicho doméstico que eles saem, mais ou menos agressivos, mais ou menos atenciosos, mais ou menos saudáveis da cabeça.
Tenho medo dos políticos. Aprendi com Maquiavel que, em matéria de poder, não importam os meios desde que os fins sejam atingidos. Tenho medo porque, passados tantos séculos depois de Maquiavel, muitos políticos continuam pensando exatamente isso. Não entraram nas esferas da ética, mantiveram-se como aduladores, fazedores de conchavos aos quais nunca temos acesso.
Acordos políticos vão muito além das coligações que assistimos há pouco tempo nas convenções partidárias. Os maiores acordos acontecem na calada da noite, atrás de copos de uísque, com palavras ditas em baixo tom para que ninguém escute. Sempre envolvem questões de dinheiro, de protecionismo, de compadres, de ganhos pessoais. De vez em quando ainda se coloca mulheres no meio dos negócios e há quem registre sordidamente os encontros para futuras chantagens. Enquanto eles andam de carrões, a justiça do país caminha sobre carros de boi ou charretes engalanadas, dependendo do grau do magistrado.
Há sempre um palhaço de plantão. Ele é ótimo pois desvia as atenções do distinto público, o qual, perdido frente a tal parafernália de campanha, é tangido a votar com os dedos, mas sem usar a cabeça.
Tem mulheres que votam em candidatos bonitos; tem outras mulheres que não votam em mulheres porque acham que elas não são capazes de fazer boa política. A inconsistência dos eleitores provoca o desastre na composição dos governos. Por isso preciso saber tudo sobre eles: os políticos e o povo. E este, é um processo muito dolorido. São as dores do parto de uma verdadeira democracia.
É um direito que tenho. Por eles, vou sair de casa e votar numa urna eletrônica; a partir daí, para o bem ou para o mal, eles me representarão. Exatamente por falarem em meu nome, quero saber tudo sobre os candidatos. Em primeiro lugar, a idade, a profissão, a capacidade de escutar o que os outros tem para dizer. Depois, como é sua família, se seus filhos são estimulados a estudar, se lêem, se são alegres e bem resolvidos, se a esposa não é apenas um enfeite ou uma vaquinha de presépio. Afinal, é deste nicho doméstico que eles saem, mais ou menos agressivos, mais ou menos atenciosos, mais ou menos saudáveis da cabeça.
Tenho medo dos políticos. Aprendi com Maquiavel que, em matéria de poder, não importam os meios desde que os fins sejam atingidos. Tenho medo porque, passados tantos séculos depois de Maquiavel, muitos políticos continuam pensando exatamente isso. Não entraram nas esferas da ética, mantiveram-se como aduladores, fazedores de conchavos aos quais nunca temos acesso.
Acordos políticos vão muito além das coligações que assistimos há pouco tempo nas convenções partidárias. Os maiores acordos acontecem na calada da noite, atrás de copos de uísque, com palavras ditas em baixo tom para que ninguém escute. Sempre envolvem questões de dinheiro, de protecionismo, de compadres, de ganhos pessoais. De vez em quando ainda se coloca mulheres no meio dos negócios e há quem registre sordidamente os encontros para futuras chantagens. Enquanto eles andam de carrões, a justiça do país caminha sobre carros de boi ou charretes engalanadas, dependendo do grau do magistrado.
Há sempre um palhaço de plantão. Ele é ótimo pois desvia as atenções do distinto público, o qual, perdido frente a tal parafernália de campanha, é tangido a votar com os dedos, mas sem usar a cabeça.
Tem mulheres que votam em candidatos bonitos; tem outras mulheres que não votam em mulheres porque acham que elas não são capazes de fazer boa política. A inconsistência dos eleitores provoca o desastre na composição dos governos. Por isso preciso saber tudo sobre eles: os políticos e o povo. E este, é um processo muito dolorido. São as dores do parto de uma verdadeira democracia.