sábado, 28 de setembro de 2013

DORES DO MUNDO



Esta semana foi particularmente difícil. Enchentes, tornados nesse Brasil, matando e desabrigando famílias. Não bastasse isso, a crueldade da seca que se abate sobre extensas áreas do nordeste. E a Presidenta com os pepinos políticos internacionais provocados pelo governo do todo poderoso EUA mais os donos do capital internacional.
 E no Brasil ainda tem pobre, ainda tem mendigo. Passei por baixo de um viaduto e vi uma caixa de papelão forrada com um tipo de plástico. Pois era uma residência, acreditem. Houve e há quem não suporte ver tanta crueza nesta terra "onde plantando tudo dá", mas eles não tem forças para impor a vontade política de mudar tudo, de despovoar um pouco essa megalópolis que é São Paulo, então, as formas de assentamento humano ficam desiguais, falta um grande plano de distribuição demográfica para que os recursos cheguem a todos.
As obras faraônicas que exauriram nossos recursos vem do tempo da construção de Brasília. Alongaram-se no período da ditadura militar com a Ponte Rio-Niteroi, os descabidos furtos de dinheiro nacional pelas empreiteiras, essas mesmas que financiaram o aparelho repressor do estado, como o DOI CODI e o DEOPS, em São Paulo, no Rio, pelo Nordeste e até pelo Cone-Sul onde eram feitas descaradas investidas da polícia brasileira a fim de caçar subversivos. Esse dinheiro financiou cada cabo elétrico que foi usado para nos dar choques, enfim, cada aparato que melhorasse a tortura a fim de obter confissões, muitas vezes falsas, mas com o intento de se livrar dessa santa inquisição às avessas.
Ontem morreu uma companheira. Ela foi delatada para a polícia por um colega(?) de escola e penou de maneira absurda. Foi colega da nossa Presidenta na Torre das Donzelas, que era a ala do presídio Tiradentes, em São Paulo, antigo mercado de escravos e,nos anos de chumbo, guardião dos presos políticos e dos presos comuns destinados a serem mortos e desovados na periferia pela própria polícia civil do Esquadrão da Morte. DIVA BURNIER depois formou-se em Economia e teve uma boa produção científica.Mas, como eu, era uma sequelada. Na última vez que nos vimos, ela apresentava um tremor de mãos bastante forte. Ela tinha seus motivos para estar nervosa até porque seu delator estava ali, conosco, na mesma recepção de aniversário de formatura. De lá para cá,  sofreu quedas. Ontem foi a última delas: caiu de para-quedas nos braços de algum anjo que passava no céu. Menina dos olhos grandes, será que lá nas nuvens há um bercinho de metal com um bonequinho dentro para a gente brincar no dia em que nos encontrarmos? Ou vamos levar para o Além as mágoas não resolvidas de querer um mundo melhor e mais justo? Paro por aqui. Minhas lágrimas impedem-me de continuar.


sábado, 14 de setembro de 2013

BENVINDOS MÉDICOS ESTRANGEIROS



Quinze dias depois de tomar a vacina H1N1, tive uma forte pneumonia.Fui ao Hospital do meu convênio, com febre altíssima, o médico mandou radiografar e disse que eu precisava ficar internada. Mas, havia um porém: o hospital estava lotado e eu devia ser removida para outro local. Minha transferência levou-me a outro hospital da cidade, reduto dos  endinheirados.
 No entanto, o médico que me recebeu ali, fez a minha ficha completa e depositou-me numa cama altíssima donde eu só conseguia subir e descer com a escadinha mais a ajuda de meu marido e de uma enfermeira. O banheiro do quarto, com 90 cm de largura não permitia que se sentasse na privada na posição correta. O box não tinha aparadores para o paciente e, como resultado, o sabonete mal tirado do corpo produziu-me assaduras nas dobras da virilha.
 Com soro na veia o tempo todo, quando precisava urinar, era uma operação de guerra. Enfermeira solta o soro, ajuda com meu marido que eu chegue ao chão. No retorno, outra acrobacia. Até que uma noite de muito frio, a enfermeira sentiu-se importunada pelos dois chamados e soltou esta pérola: "Essa daí, só dando para ela um chá de boa noite Cinderela". Fiquei furiosa.
 Cada dia vinha um médico diferente fazer a visita de praxe. 6 dias depois disse que queria ir para casa, mas a médica plantonista disse que não, pois ainda havia algum chiado em meu pulmão. Assegurei que continuaria o tratamento em casa e ela replicou. "Desde menina eu escutava os pulmões dos meus cachorrinhos e sou capaz de detectar minúcias". De saco cheio, perguntei a ela quantos cachorros ela encontrou com bradicardia e ela me olhou assustada. E dei meu grito de guerra:"Vou-me embora hoje mesmo, ou a senhora quer me manter em cárcere privado?". A moça rabiscou algo na prancha e algum tempo depois veio o dono do hospital convencer-me a ficar.
 Expus a ele as mazelas de seu rico hospital, chamei atenção para a qualidade da enfermagem e finalmente perguntei-lhe: Você me conhece bem? Ele confirmou. "E então doutor, você me acha com cara de micheteira?".Ele ficou branco ao ouvir o relato da conversa da tal enfermeira. E assim assinamos a "Alta Requerida".  Saí desta máquina de fazer dinheiro e fui me tratar com um renomado pneumologista daqui.
 
Dias depois, dei baixa no meu Plano de Saúde (2200,00reais/mes) e resolvi que vou me tratar no SUS. Pelo menos, gritar em hospital público é exigir o que é realmente nosso e dos outros pacientes. Então, dou boas vindas aos médicos estrangeiros, e que ninguém fale mal de sua capacidade. Em Mogi das Cruzes mesmo, formaram-se muitos médicos. Alguns são ótimos, há os medianos, mas também há entre eles gente com cérebro de estrume. E, finalizando, a médica não sabia que todos os cães tem bradicardia. Para quem não sabe, bradicardia é a qualidade do coração que bate com menor frequência. No caso dos cães, seus coraçõezinhos são todos mais lentos que os corações  humanos.

 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

AUTORIDADE E PRIVACIDADE



Dois conceitos difíceis de definir: Autoridade e Privacidade. Muitos pensam que autoridade é atributo de quem manda. Mas não é. Avaliando do indivíduo às instituições, percebe-se que há necessidade de um conjunto de qualidades para que uma pessoa, um governante ou mesmo um país tenham sua autoridade considerada. Para um indivíduo, é fácil. Se ele for honesto, trabalhador, conhecedor profundo do que faz, podemos dizer que ele é autoridade no que faz. Penso que ninguém negaria autoridade científica aos que se sacrificam pela vida da população ou novos conhecimentos em seu campo de atuação. Assim, Pasteur, Sabin, Freud, Montesquieu e outros, ganharam notoriedade e são autoridades nos seus campos científicos. Um verdadeiro chefe de família também é autoridade se mantém seu controle sobre a prole que trouxe ao mundo e, depois, sabiamente delega aos filhotes o destino de suas próprias vidas. As mães e os professores deveriam ter também essa autoridade, mas vem sendo postos à prova nos duros embates do lar e da escola. Enfim, tanto família como instituições escolares perderam o grau de autoridade que exerciam no passado, até mesmo recente. Quem avalia ambos é o cientista social, o humanista, mas esses não tem autoridade para reverter o quadro ou criar novas propostas que deem conta de todo o processo "família-escola".

Cada lugar tem as autoridades que acham que mandam e desmandam nas comunidades pelo poder que os votos lhes concederam. Ledo engano. Eles também são controlados, quer seja pelo Capital financeiro, pelo eleitorado, pela Lei Magna ou por outros países que entendem que sabem mais ou que mandam mais, por ter poder científico ou militar. Assim, qualquer autoridade pode ser contestada a seu tempo pois, quanto mais exposta, mais se  interessa nela a comunidade.

Vai daí que é muito difícil para as pessoas que tem notoriedade conseguirem manter a privacidade. Lembremos do exemplo da saudosa Lady Di e de tantos outros. Mas lembremos que , dominar amigos e também controlar inimigos, é uma modalidade de poder. Isso deixa claro o porque dos EUA em sua estapafúrdia empáfia, entrarem na espionagem de nossa presidente o outros políticos mais. É ultrajante que estejam à beira de um ataque armado a mais um país do Próximo Oriente, como não tivessem sido eles mesmos que jogaram tantas bombas Napalm no Vietnam ou jogado as horríveis bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. Consideram-se baluartes da moral política do mundo. Dilma faz muito bem de ficar irada contra a espionagem. Cobre isso do Obama, agora é a grande oportunidade, no Encontro dos 20, com outros estadistas.

Diga também ao Obama que não tenho mais útero e não colocarei neste mundo nenhuma pessoa para odiar a autoridade com que os EUA vasculham a vida privada da nossa gente. Ele devia saber que sapo de fora não chia.