Com este livro, MURIEL BARBERY fez muito sucesso na França. No Brasil a Companhia das letras prontamente traduziu a obra que trata de uma sátira à alta burguesia francesa através das observações da concierge (zeladora) de um prédio parisiense, reduto de altas figuras da sociedade local. Os grã finos vistos pelos empregados ou subalternos, eis um filão que tem dado graça às obras literárias dos últimos tempos, veja-se o caso de A casa de Virginia W., obra tratada neste mesmo Blog.
Considerando-se que A casa de Virginia W. foi composta a partir de documentos encontrados pela autora, MURIEL tem a seu favor construir uma ficção a partir de sua boa cultura filosófica. Ser ficção torna a obra leve, dá oportunidade de encadear formas de pensamento de figuras diversas e torna possível escrachar a narrativa com o provável coito de cachorros no elevador.
Mas a obra é inteligente mesmo. Todos os ganchos são culturalmente corretos. E só uma boa professora de filosofia poderia por em ridículo um diagnóstico de cistite idiopática hemorrágica em uma gata, seguramente traumatizada por ter seu dono dito que ela está gorda...
Ivone Marques Dias