sexta-feira, 26 de abril de 2013

CIÊNCIA E SOCIEDADE


 

Não existe campo de trabalho mais circunspecto, silencioso e solitário do que o do cientista, seja  lá qual for sua área de atuação; na área médica e das biológicas, essas credenciais guardam um significado maior. Assim, existem milhares de laboratórios no mundo onde se pesquisa longas horas, experimenta-se mais ainda, para finalmente chegar a um resultado prático que possa ser de uso das sociedades. Estou me referindo aqui ao lance final de estudos amplíssimos, que é a picada de uma vacina que tenta limitar o alcance das doenças infecto contagiosas.
 Agora, é tempo de vacinar crianças e idosos contra a influenza, particularmente contra o subtipo H1N1. Uma picadinha no braço, talvez uma ligeira reação, e assim se imuniza populações inteiras contra o risco de uma epidemia incontrolável.
 A humanidade já foi de quando em quando vítima de reduções demográficas graves por conta de males desconhecidos. Virgílio, em suas Geórgicas, escritas na época do imperador romano Augusto, fala de uma epizootia que “atacava os animais de criação doméstica e, sendo um castigo dos deuses, matava todo e qualquer homem que quisesse salvar seu plantel”. Estudos de diagnóstico retrospectivo chegaram à hipótese de que se tratava de um surto de carbúnculo hemático, mas não há material prático para provar.
 Perto do tempo das grandes navegações, a humanidade européia foi parcialmente dizimada pela peste negra, que eles acreditavam vir dos ratos, mas passaram-se séculos para saber que o vetor era a pulga do rato, responsável pela transmissão desta zoonose.
 Em 1918, ao fim da Primeira Guerra Mundial, a gripe espanhola matou entre 25 e 40 milhões de seres humanos em todos os continentes. Nada se guardou de material de análise para estabelecer estudos profundos do vírus. Em 1976, começaram a aparecer mortes que lembravam a gripe espanhola. O governo americano promoveu um cerco epidemiológico e aprofundaram os estudos.
Chegou-se então a um vírus que estava presente nas aves, se transmutava nos porcos e atingia o ser humano com alta letalidade. Foi por isso que recentemente a China promoveu uma grande matança de porcos para evitar a infestação humana. E o vírus é exatamente o H1N1, talvez com alguma variante.
A Organização Mundial de Saúde mantém rédeas curtas sobre os estudos e fornece orientações bem como subsídios práticos para imunizar populações. E, com a globalização, a rapidez dos contágios é vertiginosa. Saúde Pública é uma coisa muito séria, e por ela, vacina-se,  mata-se animais de criação, enquanto os cientistas solitários buscam o isolamento,  a inativação dos vírus e a imunoterapia ideal para salvar vidas humanas.

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