Detesto futebol. Desde
pequena, quando não havia televisão em casa e as partidas eram narradas por um
"speaker" agilíssimo, até os dias de hoje quando os bandos de gritões
e suas prometidas enchem a sala de flatos e consomem cerveja com tanta
ansiedade, não dá para agüentar. Menos ainda essa cegueira do povo que vê o
talento premiado por milhões e bilhões, enquanto o salário mínimo vai a pouco
mais de setecentos reais... Pior, este ano vai haver epidemia de futebol. Com a
Copa sediada aqui, este país surrealista ficará mais louco ainda. Haverá
manifestações? Talvez não, afinal a maioria estará anestesiada. E além de tudo,
é uma delícia ver os charlavidentes responderem de suas cátedras místicas:
"O Brasil poderá até ser campeão, mas correrá vários riscos..."
Mais ainda, detesto o
tal do MMA. Muito bem feito o lutador brasileiro se quebrar na primeira
esquentada que resolveu dar à revanche contra o cara que lhe levara o cinturão.
Cinto de mau gosto, aliás, não ficaria bem nem numa top model vestida apenas
com túnica de crepe flutuante. O pessoal por aí condena as brigas de galo e de
cães com justa razão. Então, por que não exigem a proibição dessas lutas de
gladiadores retardados? Os assistentes se torcem de prazer ao ver bastante
pancadaria. E a justiça deveria proibir essa modalidade de violência, uma vez
que já processa os mais violentos das torcidas organizadas. A população está
banalizando a violência, nem presta mais atenção nos atos assassinos do Próximo
Oriente ou na tristeza irreparável das balas perdidas que matam aqui tão perto
de nós.
Disse que ninguém quer
mais nada com a leitura. É o fim dos tempos termos uma população analfabeta
funcional que quer treinar os trabalhadores da Copa a falarem o inglês. E os
Belgas, que vão ficar sediados bem perto de nós, falam o francês. Não é uma
ironia? "Voulez vous boire champagne avec fromage cette soir? Non? Quelle tragédie..." E, todos
esperando suas gorgetas, em euros.
Nada contra o gosto
alheio pelo futebol. Mas, tudo contra o enorme dinheiro que o Brasil dispensará
para uma competição tão cara. Agora, o supra-sumo da ironia: volto ao
Schumacher. que neste momento está em coma na bela cidade de Grenoble. Arriscou
a vida tantas vezes nas pistas de alta velocidade e se ferrou numa pedra do caminho.
Não era a pedra do Carlos Drummond, certamente, mas equivale dizer que o
domador de cavalos morreu de tétano com uma picada de agulha que sua mulher
usava para pregar-lhe botões na camisa.
Em tempo, gosto sim de
uma modalidade de esporte. Adoro ver patinação artística no gelo. Bailados
primorosos sobre patins... E correr, é claro, mas não competindo com Quenianos
que são treinadíssimos em fugir de leões.
Auxílio aos Quenianos e meu semblante frente à Copa
Um comentário:
Realmente, Roma não está tão distante de nosso tempo, vide as arenas e seus gladiadores, quando se pretendiam dar ao povo sofrido, o pão e o circo ..... Agora nesses "tempos modernos" ,se não é o mesmo " pão e circo" como podemos chamar isso...... e dizem que o homem está evoluindo .......para onde e para quê .........
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