quinta-feira, 20 de junho de 2013

O DESPERTAR DAS MASSAS

O que temos visto nos últimos dias no Brasil é uma movimentação revoltada do povo, de princípio devido aos abusivos aumentos do transporte público. No entanto, por trás dos protestos aparecem muitos fatores que de sobra são um bom motivo para a grita coletiva. Na verdade, o Brasil está com uma inflação acelerada novamente, as pessoas embarcaram em empréstimos bancários cujos juros escorcham os usuários, a classe média foi sufocada e as verbas públicas se prestam a uma série de auxílios sociais que mais acomodam do que estimulam a população carente.
Quem não tem competência não se estabelece. Era esse o velho ditado que se usava para falar dos fracassados ou dos pretensiosos. E havia também em nosso país uma rançosa crença de que o povo é pacífico e se contenta com pouco. Pois nesses últimos dias, a quem prestou muita atenção nos movimentos que ocorrem por todos os estados brasileiros, ficou claro que a população está ficando mais seletiva. E também, essa mesma população exige transparência nos gastos públicos pontuando solenemente que não está mais a fim de ter apenas pão e circo. Isso fica bem claro nas manifestações que envolvem críticas aos bilionários estádios de futebol para abrigar as Copas e as Olimpíadas. Acontece que o Brasil é  um país emergente, e entre as prioridades estavam a saúde e a educação, ambas prejudicadas de longo tempo. Assim, fica bastante claro: não temos como bancar grandes eventos tipo copa e olimpíadas, mas o ex-presidente bufão nos jogou na garganta profunda deste monstro que consome o nosso dinheiro, enquanto crescem as filas nos hospitais e temos uma educação de baixíssimo nível.

Ao longo da História, muitas rebeliões ocorreram em época de práticas esportivas. Para quem viu o quebra-quebra dos últimos dias, deve ter ficado claro o ódio popular contra as instituições bancárias. Também, o mesmo ódio voltou-se contra a Assembléia do Rio que, invadida, foi destroçada por um grupo mais radical. E os Estádios de futebol são protegidos pela polícia como se fossem santuários de Meca. Ora, não é só pelo preço das passagens que o povo grita. Penso que há no inconsciente coletivo as imensas toneladas de grãos de soja que não foram embarcadas nos portos nem voltaram para virar leite para o povo. Os portos são insuficientes, mas a justiça social consegue ser ainda pior. Obras de porte como a irrigação de áreas da seca com águas do Rio São Francisco, estão paralisadas enquanto um jogador de futebol cretino declara que sem estádio não há copa. Ronaldo pode enriquecer com futebol, mas certamente não irá dar aos nossos filhos a formação que precisam. Nem enfrentará uma fila do SUS como eu, como você, meu compatriota.

Nenhum comentário: