O carnaval apagou o brilho da grande cena de renuncia do
papa Ratzinger. Era bom, antes de
começar a tecer meus critérios, lembrar a todos que sou técnica no assunto e li
pelo menos 1800 anos de História da Igreja, ou seja, conheço do que falo.
Ratzinger, como todo alemão, era chegadíssimo ao poder,
autoritário e não se vergaria por pouco. Afinal, para quem conhece a História
da Igreja, sabe muito bem que o Vaticano é um Estado Monárquico, onde o monarca
governa até o fim dos dias. Mas esse papa, que ainda cumpria as normas de
eleição pontifical estabelecidas em 1179 no III Concílio de Latrão, cujo papa
da época Alexandre III fez constar como número 1 dos cânones conciliares quais
seriam definitivamente as regras da eleição, era um teólogo e erudito bom
demais para renunciar assim, sem mais nem porque. Assim, elenquei uma seqüência
de motivos e problemas de Ratzinger. Então, vamos lá.
1-
O vazamento dos documentos confidenciais do papa
acontecido há pouco, trouxeram à tona coisas que não se conta nem à mamãe.
2-
É sabido por todos que, tão parecido como as
igrejas evangélicas para onde migraram milhões de fiéis, havia muita corrupção
no Vaticano.
3-
Ratzinger não era um papa sem experiência: ele
foi a eminência parda de João Paulo II, papa muito amado mas que rezava pela
cartilha de Ratzinger.
4-
Ratzinger dirigia a comissão de assuntos da fé,
que era uma permanência escrota da antiga Santa Inquisição, e que perseguiu
todos os movimentos da Teologia da Libertação até exterminá-los, condenando os
integrantes da Igreja dos pobres ao silêncio, tal como fez com Leonardo Boff no
Brasil.
5-
Ratzinguer era contra o casamento dos padres,
insistindo na castidade dos tempos de Paulo, quando ter família era um perigo
para os sacerdotes pois o cristianismo era perseguido. Depois,o celibato foi
mantido para evitar que a riqueza da Igreja se dispersasse entre os filhos de
padres. Assim, fantasiava-se que mulher de padre virava mula sem cabeça e seus
filhos não podiam ser reconhecidos.
6-
Como se homossexualismo não fosse uma simples
contingência humana, Ratzinger, em pleno século XXI mantinha uma homofobia
escandalosa.
7-
Muito pior, o papa, vendo o continente Africano
sucumbir à tragédia da AIDS, ainda fez o desfavor de discursar calorosamente
contra a “camisinha”. Demonizou o sexo como até então poucos o fizeram.
8-
Admitiu a pedofilia dos padres, autorizou
pagamentos de indenizações milionárias, mas silenciou o quanto pode estes
problemas tão graves numa igreja de sexualidade reprimida.
9-
Caiu certa vez no ridículo de afirmar que o
diabo existia, que era uma entidade horripilante, com cara de bode e outros
atributos, assim como afirmavam as feiticeiras do século XVI quando estavam
sendo interrogadas sob tortura por inquisidores fanáticos ou pessoas que
queriam expropriar os bens dos condenados. Pese que o papa Ratzinger acreditava
na castidade dos velhos moldes, e mesmo que achasse que sexo só serve para
fazer filhos (daí a Igreja Católica ter se esvasiado), ele foi um mau chefe de
estado pois comungou com árabes, judeus, chefes tribais africananos, para quem
a poligamia é tolerada por questões de costumes ou rituais. Para ele, a
política do cala-boca valia mais do que o discurso frenético contra o diabo
rabudo.
10-
Finalmente, o Diabo veste Prada.
2 comentários:
Bravo, Ivone!!!!! Engraçado é que a história fez de Ratz um "desertor": fugiu do exército e do papado!
Como a gente dizia quando era pequeno: Fugiu de medo, cagou no dedo!!!
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