quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

MOTIVOS PARA CAIR FORA


O carnaval apagou o brilho da grande cena de renuncia do papa Ratzinger.  Era bom, antes de começar a tecer meus critérios, lembrar a todos que sou técnica no assunto e li pelo menos 1800 anos de História da Igreja, ou seja, conheço do que falo.
Ratzinger, como todo alemão, era chegadíssimo ao poder, autoritário e não se vergaria por pouco. Afinal, para quem conhece a História da Igreja, sabe muito bem que o Vaticano é um Estado Monárquico, onde o monarca governa até o fim dos dias. Mas esse papa, que ainda cumpria as normas de eleição pontifical estabelecidas em 1179 no III Concílio de Latrão, cujo papa da época Alexandre III fez constar como número 1 dos cânones conciliares quais seriam definitivamente as regras da eleição, era um teólogo e erudito bom demais para renunciar assim, sem mais nem porque. Assim, elenquei uma seqüência de motivos e problemas de Ratzinger. Então, vamos lá.
1-      O vazamento dos documentos confidenciais do papa acontecido há pouco, trouxeram à tona coisas que não se conta nem à mamãe.
2-      É sabido por todos que, tão parecido como as igrejas evangélicas para onde migraram milhões de fiéis, havia muita corrupção no Vaticano.
3-      Ratzinger não era um papa sem experiência: ele foi a eminência parda de João Paulo II, papa muito amado mas que rezava pela cartilha de Ratzinger.
4-      Ratzinger dirigia a comissão de assuntos da fé, que era uma permanência escrota da antiga Santa Inquisição, e que perseguiu todos os movimentos da Teologia da Libertação até exterminá-los, condenando os integrantes da Igreja dos pobres ao silêncio, tal como fez com Leonardo Boff no Brasil.
5-      Ratzinguer era contra o casamento dos padres, insistindo na castidade dos tempos de Paulo, quando ter família era um perigo para os sacerdotes pois o cristianismo era perseguido. Depois,o celibato foi mantido para evitar que a riqueza da Igreja se dispersasse entre os filhos de padres. Assim, fantasiava-se que mulher de padre virava mula sem cabeça e seus filhos não podiam ser reconhecidos.
6-      Como se homossexualismo não fosse uma simples contingência humana, Ratzinger, em pleno século XXI mantinha uma homofobia escandalosa.
7-      Muito pior, o papa, vendo o continente Africano sucumbir à tragédia da AIDS, ainda fez o desfavor de discursar calorosamente contra a “camisinha”. Demonizou o sexo como até então poucos o fizeram.
8-      Admitiu a pedofilia dos padres, autorizou pagamentos de indenizações milionárias, mas silenciou o quanto pode estes problemas tão graves numa igreja de sexualidade reprimida.
9-      Caiu certa vez no ridículo de afirmar que o diabo existia, que era uma entidade horripilante, com cara de bode e outros atributos, assim como afirmavam as feiticeiras do século XVI quando estavam sendo interrogadas sob tortura por inquisidores fanáticos ou pessoas que queriam expropriar os bens dos condenados. Pese que o papa Ratzinger acreditava na castidade dos velhos moldes, e mesmo que achasse que sexo só serve para fazer filhos (daí a Igreja Católica ter se esvasiado), ele foi um mau chefe de estado pois comungou com árabes, judeus, chefes tribais africananos, para quem a poligamia é tolerada por questões de costumes ou rituais. Para ele, a política do cala-boca valia mais do que o discurso frenético contra o diabo rabudo.
10-   Finalmente, o Diabo veste Prada.

2 comentários:

Rafael Puertas de Miranda disse...

Bravo, Ivone!!!!! Engraçado é que a história fez de Ratz um "desertor": fugiu do exército e do papado!

Anônimo disse...

Como a gente dizia quando era pequeno: Fugiu de medo, cagou no dedo!!!