Amanhã tem feriado nacional. Dia da Pátria, comemora o 7 de Setembro de 1822, data em que D. Pedro proclamou a independência de nossa terra com o grito do Ipiranga. Soberbo, o próprio imperador sentou-se à pianola e compôs o Hino da Independência, seja lá o que se entende por independência nesta terra. Ah, é verdade, separamo-nos de Portugal, da metrópole sequiosa de nossos recursos econômicos, e depois, entregamos esses mesmos recursos aos ingleses que cobraram caro o reconhecimento desta nova nação. Aqui houve resistência lusitana, mas das guerras de independência, o Brasil safou-se bem. Uns poucos mortos, outros tantos feridos. Não podemos esquecer aqueles que, mesmo após o grito de D.Pedro, continuavam escravos sem direito à própria liberdade. E o Imperador, não podia descontentar a aristocracia da terra, pois mão de obra era fundamental para o “progresso” da vida do país. E assim foi. Os negros continuaram tingindo nosso solo de sangue durante mais 66 anos, até que a neta do Imperador assinasse a abolição da escravatura. Então, que raio de independência foi esta? Independência que mata, que humilha, que degrada, e, pior, que vai pouco a pouco delegando os bens nacionais a estrangeiros, como os vizinhos do norte, da terra do Tio Sam? Para falar a verdade, abolida a escravidão, não foram abolidos os traços de exploração sobre o Brasil. E assim continuou ele, República em diante. De lá para cá, quanto estrangeiro não teria espoliado nossas terras de suas riquezas? E os governos, constituídos na base do coronelismo, enxada e voto, também não deixaram nossa terra dormir na miséria durante muitos anos? Quanto tempo não teria levado para que os Afro-descendentes requeressem um pingo de justiça pelo que seus ancestrais sofreram nas mãos dos senhores de lavras e engenhos? Parece-me que ainda não foi possível resgatar essas dívidas todas.
Porém, do lado de lá do Atlântico, Portugal tinha mais colônias. Tinha Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe na África, sem falar no Timor Leste e outras terrinhas mais. No início do século XX, ao abolir a monarquia portuguesa, o governo foi parar numa ditadura fascista que jogou o povo português numa repressão sem medidas. Criou-se uma polícia política, a PIDE, que não hesitava em caçar torturar e exterminar opositores ao governo Salazarista. Deixaram a Portugal uma última alternativa, a de se apegar ao catolicismo, então reforçado com os aparecimentos de Fátima, em 1917. Visitei uma das prisões de Salazar. Construída com pedras à beira mar, levava os prisioneiros à morte, pois na subida da maré, as ondas batiam nos paredões tornando o ambiente insalubre. E havia pessoas que diziam ser aquela uma ditadurazinha honesta... Ao correr do século XX, as colônias da África puseram-se a rebelar. Terras inóspitas, viraram cenário de guerrilha rural, e depois,lugares de lutas tribais.
Quando Salazar morreu, foi substituído por Marcelo Caetano, que seguia a mesma linha de governo. Num certo momento, em 1974, os próprios portugueses não aceitaram mais tal contingência e, com a Revolução dos Cravos, as colônias africanas foram também se libertando. Com duras lutas, agora já crescem e podem dizer ao mundo quem são.E Marcelo Caetano, morreu no exílio, no Rio de Janeiro.Assim, os fantasmas se divertem.
local onde foi velado o ditador Marcelo Caetano
Um comentário:
Biblioteca e ditadura não combinam, creio que este senhor bem poderia ser velado em algum lugar mais apropriado, "tipo": Memorial da América latina, entre os amigos, ou em outras ilhas.
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