quarta-feira, 5 de setembro de 2012

INDEPENDÊNCIA OU MORTE

Amanhã tem feriado nacional. Dia da Pátria, comemora o 7 de Setembro de 1822, data em que D. Pedro proclamou a independência de nossa terra com o grito do Ipiranga. Soberbo, o próprio imperador sentou-se à pianola e compôs o Hino da Independência, seja lá o que se entende por independência nesta terra. Ah, é verdade, separamo-nos de Portugal, da metrópole sequiosa de nossos recursos econômicos, e depois, entregamos esses mesmos recursos aos ingleses que cobraram caro o reconhecimento desta nova nação. Aqui houve resistência lusitana, mas das guerras de independência, o Brasil safou-se bem. Uns poucos mortos, outros tantos feridos. Não podemos esquecer aqueles que, mesmo após o grito de D.Pedro, continuavam escravos sem direito à própria liberdade. E o Imperador, não podia descontentar a aristocracia da terra, pois mão de obra era fundamental para o “progresso” da vida do país. E assim foi. Os negros continuaram tingindo nosso solo de sangue durante mais 66 anos, até que a neta do Imperador assinasse a abolição da escravatura. Então, que raio de independência foi esta? Independência que mata, que humilha, que degrada, e, pior, que vai pouco a pouco delegando os bens nacionais a estrangeiros, como os vizinhos do norte, da terra do Tio Sam? Para falar a verdade, abolida a escravidão, não foram abolidos os traços de exploração sobre o Brasil. E assim continuou ele, República em diante. De lá para cá, quanto estrangeiro não teria espoliado nossas terras de suas riquezas? E os governos, constituídos na base do coronelismo, enxada e voto, também não deixaram nossa terra dormir na miséria durante muitos anos? Quanto tempo não teria levado para que os Afro-descendentes requeressem um pingo de justiça pelo que seus ancestrais sofreram nas mãos dos senhores de lavras e engenhos? Parece-me que ainda não foi possível resgatar essas dívidas todas.

Porém, do lado de lá do Atlântico, Portugal tinha mais colônias. Tinha Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe na África, sem falar no Timor Leste e outras terrinhas mais. No início do século XX, ao abolir a monarquia portuguesa, o governo foi parar numa ditadura fascista que jogou o povo português numa repressão sem medidas. Criou-se uma polícia política, a PIDE, que não hesitava em caçar torturar e exterminar opositores ao governo Salazarista. Deixaram a Portugal uma última alternativa, a de se apegar ao catolicismo, então reforçado com os aparecimentos de Fátima, em 1917. Visitei uma das prisões de Salazar. Construída com pedras à beira mar, levava os prisioneiros à morte, pois na subida da maré, as ondas batiam nos paredões tornando o ambiente insalubre. E havia pessoas que diziam ser aquela uma ditadurazinha honesta... Ao correr do século XX, as colônias da África puseram-se a rebelar. Terras inóspitas, viraram cenário de guerrilha rural, e depois,lugares de lutas tribais.

Quando Salazar morreu, foi substituído por Marcelo Caetano, que seguia a mesma linha de governo. Num certo momento, em 1974, os próprios portugueses não aceitaram mais tal contingência e, com a Revolução dos Cravos, as colônias africanas foram também se libertando. Com duras lutas, agora já crescem e podem dizer ao mundo quem são.E Marcelo Caetano, morreu no exílio, no Rio de Janeiro.Assim, os fantasmas se divertem.

                                          Gabinete Real de Leitura Português, no Rio de Janeiro.
                                               local onde foi velado o ditador Marcelo Caetano


Um comentário:

Júlio Paiva disse...

Biblioteca e ditadura não combinam, creio que este senhor bem poderia ser velado em algum lugar mais apropriado, "tipo": Memorial da América latina, entre os amigos, ou em outras ilhas.