sexta-feira, 9 de maio de 2008

A MORTE DE UMA CRIANÇA

A MORTE DE UMA CRIANÇA

Os meios de comunicação não param de falar disso. Isabella morreu, o pai e a madrasta foram denunciados como assassinos da menina, presos, soltos, presos novamente... e a transparência das investigações levadas a cabo pela polícia paulista foi um modelo para o que devia ser em qualquer assassinato, inclusive de crianças pobres, que ocorre a torto e a direito neste país de Cabral. Domingo é dia das mães, eu imagino como deve estar a mãe dela. Filho morto é antinatural, é pedaço arrancado da gente, é ferida que não cicatriza, é cadeira eternamente vazia, é mágoa que não estanca, é beijo que não se entrega, é roupa que não se lava, brinquedo em que não se tropeça.
Cada vez que morre uma criança, eu que perdi um menino assassinado pela ditadura militar, sinto uma nova gota de sangue correr pelo canto dos olhos, renovo o meu sofrimento e me amparo na dor da mãe que perdeu seu filho.
Nestes tempos de barbárie que estamos vivendo, todos os dias há lugar para esta dor. Não que eu reclame da cruel publicidade que se dá à tragedia de Isabella. Mas reclamo sim que nesta terra cheia de ofertas, haja tanta pobreza. Crianças morrendo de fome constituem um tipo de assassinato social. Crianças sendo entregues ao mundo erotizado dos adultos, são igualmente vítimas de crime hediondo. Crianças que não recebem a educação da família e do Estado como prevê a Constituição, são também vítimas indefesas de adultos inescrupulosos. E se quer saber mais, logo logo estas crianças estarão grandes e perpetuarão a sociedade da barbárie. Serão adultos sem controle e com a mesma cara fria do pai da Isabella, que está mais preocupado com o seu processo do que com a perda da filha.
E, para quem puder, um bom dia das mães.
Ivone Marques Dias

Um comentário:

Mandrake disse...

Muito bom seu web site parabéns um abraço Mandrake!!!