quinta-feira, 11 de outubro de 2012

RESSACA

Esta semana, pós eleições, e ainda durante o julgamento do Mensalão, quero creditar aqui todo o meu nojo pelos jogos políticos que tenho observado, tanto no âmbito nacional como no regional. Deixo de princípio muito claro que não estou pondo em questão Partidos Políticos, mas pessoas e atitudes.

Vou começar pela questão das eleições municipais. Mogi das Cruzes deu seu voto ao atual prefeito, mas é preciso que fique claro: ele se reelegeu com 61% dos votos, e não com 80%, como se propagou. Isso significa que o atual Prefeito não é unanimidade. Outros candidatos também foram votados, e a soma de seus votos é significativa para entendermos que daqui a quatro anos, novas lideranças aparecerão e, creiam os leitores, será difícil ao atual prefeito manter a curva ascendente que construiu a partir da continuidade dos projetos de Junji Abe.

Um dado notável nesta eleição, foi o número de abstenções e anulações de votos. Não lhes parece isso uma modalidade de protesto contra o Sistema em crise? 57.000 pessoas negaram-se a ir às urnas ou anularam seus votos. Isso significa que quase um quinto dos eleitores estão de “saco cheio” dessas campanhas inglórias e do caciquismo que ainda impera em nosso meio.

Os votos de vereadores confirmam essa maldita profissionalização da política. Se o Brasil fizesse uma reforma séria no campo eleitoral, tiraria dos vereadores também o direito à reeleição. Além disso, seu trabalho devia ser voluntário, não assalariado, forçando cada candidato a ter uma profissão compatível com a vida que leva. Entre os eleitos, o mais votado foi o filho de Junji Abe. Fiquei triste, pois não me ocorreu que um candidato possa embarcar no sucesso do seu pai. Essa ocorrência levou-me à clara lembrança de que, os meus filhos seguiram a minha profissão, mas isso implicou em meu desligamento do sistema de vestibulares, bem como não posso fazer parte de qualquer defesa de tese ou concurso público a que se submetam.

A segunda mais votada foi Karina Perillo, conhecida como Karina do Adote Já, que, uma vez eleita, teve o descaramento de dizer que vai exercer seu mandato para os animais. Por mais gratos que os animais lhes sejam, é bom não esquecer que o problema dos animais é definido nas áreas estaduais e federais, tendo o município um setor de zoonoses para cuidar cientificamente do bem e do mal que a proliferação das diversas espécies significam à sociedade. Depois desta inteligência rara, vem os demais: a maioria cartas marcadas num jogo nefasto de poder, ou então, para ser menos corrosiva, figuras que buscam luzes pelo corte superior da pirâmide da casa do legislativo.

Assim, alguns bons candidatos ficaram de fora enquanto certos abutres conseguiram se eleger.

Há mais uma coisa que quero dizer sobre o escaldante dia das eleições: Quem deu a esses senhores o direito de emporcalhar a cidade da forma que o fizeram? Pessoas caiam no meio dos santinhos, os pés queimavam no papel fervente. E a limpeza? Cabe ao poder público, ou seja, eu, que não joguei um único papel no chão, estou pagando esta limpeza com o dinheiro que pago dos impostos.

Mas tudo tem sua hora e sua vez. O Supremo Tribunal Federal por maioria considerou culpados os réus do Mensalão. Isso é bom. Quando a banda podre dos partidos vai em cana, é possível suspirar um ar mais limpo.

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